Nono Atilio, como era chamado, construiu sua Enoteca no ano de 1977. Nela guardou seus tesouros, hoje envelhecidos pelo tempo, mas conservados como se suas mãos ainda estivessem sobre eles.
Cada garrafa conta uma história de trabalho e resiliência. O líquido que ela protege é muito mais que um vinho, é uma relíquia do tempo.
A delicadeza da cor levemente alaranjada, com tons atijolados, logo é completada por uma mistura de aromas intrigantes — com os quais nem sempre estamos acostumados, como trufas, café, couro, tabaco — e, ao se sorver gentilmente o líquido, pode-se sentir aquela suavidade que somente o tempo traz aos vinhos.
Há sensações — cheiros e sabores — que somente são proporcionadas por um vinho maduro. Esse espectro aromático, que vai dos frutos secos, passando por tons defumados até notas de trufas, por exemplo, só é revelado quando a bebida evolui na garrafa. Eles são chamados de aromas terciários, formados durante a lenta oxidação pela qual o líquido passa com os anos. É isso que os especialistas nomeiam como “buquê” — termo que está intimamente ligado a vinhos envelhecidos.
O mesmo ocorre com as percepções no palato, que se tornam mais redondas e suaves do que as encontradas em um vinho jovem, graças à polimerização dos taninos. Com o tempo, a combinação entre taninos, ácidos e álcool, proporciona uma sensação mais sedosa em boca.
Para melhor apreciá-lo, em alguns casos se faz necessário a oxigenação, que pode ser realizada passando-o para um decanter, auxiliando também na separação dos possíveis precipitados (depósitos de matéria corante, taninos e ácidos) naturais do envelhecimento.
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